Tuesday, March 27, 2007

Morte e sentido da vida em perspectiva

NOTÍCIA DO NEW YORK TIMES

Os Gerentes de uma editora estão a tentar descobrir, porque ninguém notou que um dos seus empregados estava morto, sentado à sua mesa há CINCO DIAS.
George Turklebaum, 51 anos, que trabalhava como Verificador de Texto numa firma de Nova Iorque há 30 anos, sofreu um ataque cardíaco no andar, onde trabalhava (open space, sem divisórias) com outros 23 funcionários. Ele morreu tranquilamente na segunda-feira, mas ninguém notou até ao sábado seguinte pela manhã, quando um funcionário da limpeza o questionou, porque ainda estava a trabalhar no fim de semana. O seu chefe, Elliot Wachiaski disse: "O George era sempre o primeiro a chegar todos os dias e o último a sair no final do expediente, ninguém achou estranho que ele estivesse na mesma posição o tempo todo e não dissesse nada. "Ele estava sempre envolvido no seu trabalho e fazia-o muito sozinho." A autópsia revelou que ele estava morto há cinco dias, depois de um ataque cardíaco.

O mais incomodativo nesta história não é apenas a solidão extrema de alguém que morre sem que ninguém se dê conta. É o pavor que temos de nós próprios morrermos sós.

O espaço de discussão que se abre é imenso: Poderá existir um objectivo específico para o sentido da vida? Poderão existir vários? Poderá a felicidade depender do ponto de vista subjectivo para constituir o sentido? Se o ponto de vista subjectivo fosse suficiente para dar sentido à vida, tal significaria que a ilusão de felicidade, desde que nunca fosse descoberta, seria uma vida verdadeiramente feliz? No caso, se nos fosse dada a possibilidade de um sonho feliz mas irreal, tal bastaria para nos encher de sentido? Esta questão recorda-me a história de Vanilla Sky, em que o protagonista vive um sonho lúcido feliz para ultrapassar um acidente que o deixa desfigurado, mas em que a consciência lhe troca as voltas à procura da verdade.

Então e a morte fará sentido estando nós vivos, ou seja, na sua ausência e fará sentido preocuparmo-nos com o estarmos mortos, se já não existimos?
Desde que as nossas acções e projectos tenham um sentido universal, a nossa vida tem sentido. Posso estar redondamente enganada, mas não será irrelevante que depois da vida eu passe para outro nível de existência de eterna felicidade, dará tal facto qualquer sentido à minha vida uma vez que esse ser será outro que não eu? Apesar de finita, a nossa vida tem o valor que a nossa acção consiga dar-lhe. Uma vida ética tem sentido pelas suas acções e projectos. A resposta para o sentido da vida residirá no valor da nossa conduta, não na imortalidade. Então o sentido da nossa existência não é a existência per si, mas o valor que a nossa existência poderá trazer.

Este tema terá um espaço de discussão amanhã, 4ª feira, dia 28 de Março, no programa Prova Oral, na Antena 3, onde 3 filósofos nos farão cócegas na parte de trás do cérebro com estas e muitas outras questões. É às 19h, na frequência 100.3

3 comments:

Anonymous said...

Cobiçados pelos seus altos níveis de produtividade, os japoneses começam a pagar com a própria vida a factura da sua obstinação ao trabalho. Viciados em trabalho, os japoneses arriscam a vida para manter os empregos. Segundo um estudo publicado recentemente, o número de mortes provocadas por esse excesso teve um aumento de 68%. Apenas num ano este fenómeno, conhecido por Karoshi, já vitimou 143 trabalhadores no Japão. Este fenómeno que decorre do stress, de problemas mentais ou depressão registou 31 mortes só por suicídio. Parece existir uma relação entre o karoshi e as horas extraordinárias, ascendendo a mais de cem por mês e acima de 80 horas por mês entre os dois e seis meses que antecedem a data de óbito.
Numa sociedade orientada para o consumo, a vida e o ser humano passaram a ser cada vez mais um fonte descartável de força, conhecimento, etc. O valor da humana parece cada vez mais insignificante perante o capital.

JoanaRSSousa said...

Olá Xana
Na minha vida prática a filosofia faz todo o sentido e é vivida tantas vezes sem que me aperceba disso.
Obrigada pelo teu interesse em colocar a filosofia aos microfones da rádio, de forma acessível a todos aqueles que pensam que a filosofia vive encerrada nos livros, nas bibliotecas.
Mas ela sim, está no meio de nós.

Até breve.
Bjs :)

JoanaRSSousa said...

Entãooo é melhor dizer
Olá Marisa

(sorry)