Thursday, March 29, 2007

Inov-acção

Proença-a-Nova apresenta projecto inovador de combate à poluição
O concelho de Proença-a-Nova, no distrito de Castelo Branco, anunciou o lançamento de uma iniciativa exemplar, pioneira a nível internacional, tendo em vista passar a vender no mercado voluntário os seus créditos de carbono (CO2) contribuindo, deste modo, para uma mais eficaz retenção das emissões de carbono no município, criando, paralelamente, um conjunto de mais-valias financeiras para a autarquia. Para João Paulo Catarino, presidente da edilidade, esta iniciativa pretende provar “que podemos e queremos ser contribuintes líquidos para a despoluição do país e do mundo”.

Rui Solano de Almeida

Como é que um município com pouco mais de nove mil habitantes e longe dos principais centros de decisão toma uma iniciativa com esta importância e com esta dimensão?
Como se sabe, o tamanho não é sinal de mais inteligência ou de se trabalhar melhor. As medidas e acções tomadas pelos municípios maiores podem ser mais mediáticas mas nem sempre são as mais inovadoras ou as mais acertadas. O estudo que estamos a levar a efeito pretende apenas provar que o concelho de Proença-a-Nova sequestra mais CO2, que emite e produz mais energia obtida por métodos renováveis que consome produzida a partir de métodos poluentes, ou seja, vamos provar que somos contribuintes líquidos para a despoluição do país e do mundo.
Diminuir as emissões de CO2 está, como sabe, muito na moda. Recomendações neste sentido têm partido de organismos tão distintos como a União Europeia, ONU ou de figuras com o peso mediático do ex-vice presidente dos EUA Al Gore.
O problema é saber se esta iniciativa empreendida no concelho de Proença-a-Nova é para cumprir a agenda mediática, ou se se trata de algo para levar em frente com todas as consequências daí resultantes?
O mediatismo pouco nos interessa. Interessa-nos provar o que referi anteriormente, quantificá-lo em termos de toneladas de CO2, inventariar as medidas necessárias para uma melhor eficiência energética, implementá-las e quantificar os ganhos obtidos com a sua implementação e depois vender esses créditos no mercado voluntário do carbono, para com as receitas daí provenientes, desenvolver as medidas constantes do nosso Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios, para assim protegermos a floresta existente, aumentar a área arborizada e tornar este processo sustentável ao longo dos anos.
Em termos práticos como é que um concelho do interior como o seu, essencialmente um município com pouca ou quase nenhuma indústria mas rodeado de uma riquíssima mancha florestal, pode aplicar uma gestão sustentável, como produtor de energia renovável?
A ideia é precisamente essa, partir da fatalidade de termos muito pouca indústria e transformá-la numa oportunidade, para o concelho em geral e para os produtores florestais em particular. Não temos indústria poluente mas contribuímos para despoluir o que os outros poluem, por isso é justo que sejamos ressarcidos por este serviço prestado à comunidade. Produzimos hoje 57 MW de energia por métodos renováveis (eólica), muito mais do que aquela que consumimos a partir de métodos poluentes. A ideia é aumentar ainda mais a nossa eficiência e com os créditos arrecadados financiarmos as mediadas que teremos que tomar para proteger e aumentar a nossa área florestal.
Estamos a viver, como sabe, momentos muito difíceis em todo o planeta, em matéria de mudanças climatéricas. Como é que uma iniciativa como esta pode contribuir para inverter esta problemática?
De várias formas, primeiro melhorando a nossa eficiência energética, poluindo menos, e depois produzindo-se na área geográfica do nosso concelho energia por métodos renováveis e não poluentes estamos também a contribuir para que não seja necessário gerar tanta energia por métodos poluentes e por último protegendo e aumentando a nossa floresta estamos ainda a contribuir para que se sequestre mais CO2 no nosso concelho. E como se trata, em nossa opinião, de um bom exemplo, esperamos sinceramente que seja seguido, incentivando desta forma a melhorar as condições ambientais do nosso município, do país e do mundo.

Wednesday, March 28, 2007

As dores da inovação

Para quem possui um perfil inovador, a vida não é nada fácil mas por compensação não existe monotonia. A criatividade e o arranque ao conforto balofo do que "está bem" tem como obstáculos a desconfiança, o pessimismo disfarçado de sabedoria, a ameaça velada do sentimento de que algo nos está a passar ao lado. A mentalidade segura e confortável de "saber com o que contamos" acomoda-se refastelada no sofá do conformismo e é em si mesma o pior e maior obstáculo à evolução e à inovação. Então o que fazer para mobilizar, a partir de dentro, uma organização? Pergunto-me isso todos os dias, para além da primeira pergunta que me assola ao acordar: "Será que hoje serei capaz?". Queremos dar soluções diferentes, fazemos inúmeras reuniões no sentido de desenvolver posturas de diferenciação, mas apostamos realmente em inovar-nos? A inovação tem de ser algo que parte do sujeito para a comunidade. E esse é o principal problema com o qual nos debatemos. Inovar-nos a nós mesmos. A mobilização tem de se revestir ela mesma de técnicas e modos inovadores. Já não somos sensíveis aos mesmos estímulos, por isso há que mudar linguagens, formas e meios. Os próprios serviços e soluções rapidamente têm de ser substituídas por outras que respondam às novas necessidades, sob pena de deixar passar o comboio para os concorrentes. Por outro lado, temos que ser críticos em relação ao potencial humano. Contratar os melhores, formar para a excelência, ter o arrojo de misturar equipas com vertentes variadas não apenas tecnicamente mas culturalmente. Tal permite obter um caldo riquissimo que potencia a inovação e a criatividade.
Numa sociedade em que as pequenas e médias empresas são o principal tecido empresarial, há que promover as join ventures, as parcerias, as colaborações sinérgicas.
Mas já todos sabemos disto, ouvimos em alguma convenção, lemos ou admitimos interiormente pelo bom senso que nos assiste. A minha pergunta é: E como se faz?
Como responsável pela implementação de uma tecnologia inovadora sinto todos os dias a resistência, a luta, quer interna, quer externa de um corpo estranho que teima em infiltrar-se contra natura nos hábitos, processos e modos de pensar o trabalho e de ver a própria vida.
A abordagem tem de ser pessoal, transmíssivel, dedicada. Carismática. É pela liderança e pela identificação com o outro que conseguimos esse efeito de espelho capaz de extrair o esforço extra e a dedicação para além do mero cumprimento do dever. É pelo entusiasmo e pelo optimismo. Em Portugal, pela nossa cultura baseada na confiança pessoal e familiar e desconfiança perante as instituições, a liderança assume esse papel fulcral de fazer mover a agulha.
A inovação é uma atitude. Não se resume aos avanços da tecnologia, não bastam as técnicas e estratégias sofisticadas, não se reduz a ser diferente. É vontade. Esse parece-me ser um dos maiores desafios do nosso tempo: mover as vontades no sentido da mudança de mentalidades. Para uma maior abertura, rigor, criatividade. E para retirarmos o melhor dos outros temos de dar o melhor de nós mesmos.
Deixo-vos uma frase que ouvi ontem pela boca do Dr. Mário Assis Ferreira, da Estoril Sol, por ocasião do lançamento do livro do Prof. Dr. Pedro Moreira, Liderança e Cultura de Rede (o qual aconselho vivamente!), frase esta que persiste como aquelas músicas que cantarolamos para dentro sem saber bem porquê:

"Gerir pessoas é potenciar as suas mentes."

Inaugurada em Serpa a maior central solar do mundo

A maior central solar do mundo é hoje inaugurada no lugar de Brinches, concelho de Serpa, num investimento de 61 milhões de euros que irá permitir produzir energia «limpa» para a rede eléctrica nacional nos próximos 15 anos.
Localizada numa área de 60 hectares, dos quais 32 estão cobertos por 52 mil painéis fotovoltaicos, a Central Solar de Serpa é a maior do mundo, dispondo de uma capacidade instalada de 11 megawatts, quase o dobro do que a actual maior central situada na Alemanha.
Sem custos de fuel ou emissões, a central vai produzir 20 gigawats/hora de energia por ano que, segundo Piero dal Maso, será suficiente para alimentar oito mil habitações e poupar mais de 30 mil toneladas em emissões de gases de efeito de estufa em comparação com uma produção equivalente a partir de combustíveis fósseis.
Com base numa tarifa de 0,31 euros por kilowatt/hora, Piero dal Maso acrescentou que a central irá vender energia à rede eléctrica nacional nos próximos 15 anos, contribuindo, desta forma, para «reforçar o compromisso de Portugal em apostar em energias renováveis limpas e fiáveis, como a solar».
Com um investimento total de 61 milhões de euros, a central envolveu cerca de 200 trabalhadores durante a construção, que decorreu entre Junho e o final de 2006, e vai criar cinco postos de trabalho permanentes.
Além da portuguesa Catavento, que intermediou o projecto e fica a gerir a central, o projecto envolve a General Electric - financiadora e proprietária da central -, e a Powerlight, empresa fornecedora mundial de sistemas de energia solar que vai operar e manter a central.
A cerimónia de inauguração da Central Solar Fotovoltaica de Serpa (Beja), no local da unidade, situada perto da freguesia de Brinches, deverá contar com a presença do ministro da Economia, Manuel Pinho, e de administradores das empresas envolvidas no projecto.

Fonte: Diário Digital / Lusa


Tuesday, March 27, 2007

Morte e sentido da vida em perspectiva

NOTÍCIA DO NEW YORK TIMES

Os Gerentes de uma editora estão a tentar descobrir, porque ninguém notou que um dos seus empregados estava morto, sentado à sua mesa há CINCO DIAS.
George Turklebaum, 51 anos, que trabalhava como Verificador de Texto numa firma de Nova Iorque há 30 anos, sofreu um ataque cardíaco no andar, onde trabalhava (open space, sem divisórias) com outros 23 funcionários. Ele morreu tranquilamente na segunda-feira, mas ninguém notou até ao sábado seguinte pela manhã, quando um funcionário da limpeza o questionou, porque ainda estava a trabalhar no fim de semana. O seu chefe, Elliot Wachiaski disse: "O George era sempre o primeiro a chegar todos os dias e o último a sair no final do expediente, ninguém achou estranho que ele estivesse na mesma posição o tempo todo e não dissesse nada. "Ele estava sempre envolvido no seu trabalho e fazia-o muito sozinho." A autópsia revelou que ele estava morto há cinco dias, depois de um ataque cardíaco.

O mais incomodativo nesta história não é apenas a solidão extrema de alguém que morre sem que ninguém se dê conta. É o pavor que temos de nós próprios morrermos sós.

O espaço de discussão que se abre é imenso: Poderá existir um objectivo específico para o sentido da vida? Poderão existir vários? Poderá a felicidade depender do ponto de vista subjectivo para constituir o sentido? Se o ponto de vista subjectivo fosse suficiente para dar sentido à vida, tal significaria que a ilusão de felicidade, desde que nunca fosse descoberta, seria uma vida verdadeiramente feliz? No caso, se nos fosse dada a possibilidade de um sonho feliz mas irreal, tal bastaria para nos encher de sentido? Esta questão recorda-me a história de Vanilla Sky, em que o protagonista vive um sonho lúcido feliz para ultrapassar um acidente que o deixa desfigurado, mas em que a consciência lhe troca as voltas à procura da verdade.

Então e a morte fará sentido estando nós vivos, ou seja, na sua ausência e fará sentido preocuparmo-nos com o estarmos mortos, se já não existimos?
Desde que as nossas acções e projectos tenham um sentido universal, a nossa vida tem sentido. Posso estar redondamente enganada, mas não será irrelevante que depois da vida eu passe para outro nível de existência de eterna felicidade, dará tal facto qualquer sentido à minha vida uma vez que esse ser será outro que não eu? Apesar de finita, a nossa vida tem o valor que a nossa acção consiga dar-lhe. Uma vida ética tem sentido pelas suas acções e projectos. A resposta para o sentido da vida residirá no valor da nossa conduta, não na imortalidade. Então o sentido da nossa existência não é a existência per si, mas o valor que a nossa existência poderá trazer.

Este tema terá um espaço de discussão amanhã, 4ª feira, dia 28 de Março, no programa Prova Oral, na Antena 3, onde 3 filósofos nos farão cócegas na parte de trás do cérebro com estas e muitas outras questões. É às 19h, na frequência 100.3

Thursday, March 22, 2007

Aprovação na Generalidade do Projecto de Lei que altera a lei da Interrupção Voluntária da Gravidez

Convido todos aqueles que querem seguir de perto as novas resoluções resultantes do referendo a que fomos chamados a participar a espreitarem o projecto de Lei aprovado na generalidade, na Assembleia da República no último dia 8 de Março.

Segue-se o debate na especialidade na primeira comissão da Assembleia da República, a comissão de direitos, liberdades e garantias, e posteriormente o debate e aprovação no plenário da AR onde poderão ser apresentadas propostas de alteração por parte dos diferentes partidos.
Boa parte do debate na especialidade poderá incidir sobre as quatro questões abaixo:

- Aconselhamento e reflexão. O projecto de lei que foi aprovado na generalidade estipula a existência de um centro de aconselhamento familiar (CAF) por distrito, inserido na rede pública de cuidados de saúde, onde é previsto que a mulher tenha uma consulta. A caracterização desse aconselhamento e a existência de um período de reflexão para a mulher que pretende interromper a gravidez serão questões onde é provável que haja debate. A direita poderá querer
distorcer o resultado do referendo com um "aconselhamento" que seja uma barreira à decisão da mulher.

- Organização dos serviços de saúde. O projecto de lei estipula já no seu artigo 6º a organização dos estabelecimentos de saúde, mas é provável que seja um dos pontos onde surjam propostas específicas.

- Dever de sigilo. O projecto de lei garante no artigo 7º o dever de sigilo dos médicos e demais profissionais de saúde, mas foi um ponto alvo de polémica durante a campanha.

- Direito de objecção de consciência. O direito de objecção de consciência por parte dos profissionais de saúde em relação à interrupção voluntária da gravidez não faz parte do projecto de lei do PS, ao contrário do que acontecia nos projectos iniciais, rejeitados na generalidade, do Bloco de Esquerda e do PCP. O Bloco estipulava o dever do profissional de saúde, que invoque objecção de consciência, de "encaminhar as utentes para outros profissionais de saúde dispostos a prestar o serviço solicitado", previa ainda que o direito não seria contemplado "em casos de emergência para a vida da grávida". O projecto do PCP estipulava também que a mulher fosse informada "sobre o profissional que não seja objector de consciência".

Monday, March 19, 2007

Coisas Boas! Muitooo Boas: LeCool


Encontrei divulgação do melhor na publicação LeCool:
Ora espreitem que vale bem a pena. Coisas bem feitas assim até dá gosto.

http://www.lecool.com/lisboa/actual.php?lang=ESP






Concurso Lisboa Ideal
"Urgente! Urgente! Precisam-se de sonhos, utopias e desejos, divagações, ambições e aspirações para esta nossa cidade. Qual seria a Lisboa Ideal? A pergunta é feita a todos quantos queiram responder e as respostas podem ser dadas no formato mais original que se consigam lembrar: fotos, vídeos, textos, tudo é possível. Quem nos anda a mexer os cordelinhos da imaginação são os do Alkantara associados à ZDB. É um evento público que irá complementar outro. Eu explico: os trabalhos recebidos serão exibidos a 12 Maio, inseridos no projecto "Lugares Imaginários", onde sete parceiros de sete cidades mediterrâneas reflectem sobre as suas cidades reais e ideais. Vamos mostrar-lhes a verdadeira cidade imaginada. Puxem pelas cabeças, lembrem-se do potencial e arrasem no envio de material . /Jane
ONDE - Envio para link abaixo ou Lisboa Ideal Rua do Forno do Tijolo, 54 - 5º Esq 1170-138 Lisboa Tel.213 152 267
QUANDO - Deadline de envio: 25 Abril
QUANTO - Gratuito"
(arrastão do blog Loja de Ideias )
Este será o tema da Prova Oral na Antena 3, sexta-feira, dia 30 de Março, às 19h, 100.30. Participem!
Alimente esta ideia

O Banco Alimentar do Algarve está finalmente constituído e com data marcada para a primeira recolha de alimentos (4 e 5 de Maio). Até lá, ainda muito há que fazer, nomeadamente recrutar voluntários para trabalhar em diversas áreas: supermercados, armazém, esccritório, etc
Se fores do Algarve (de Sotavento a Barlavento) e estiveres interessado/a envia um e-mail para
ba.algarve@bancoalimentar.pt e/
ou aparece no Campus de Ciências da Saúde, no dia 31 de Março, pelas 15 horas para uma sessão de esclarecimento onde te poderás voluntariar.
Aparece: Não dói! É gratuito! E ainda te dizem OBRIGADO!

E para onde vai essa ajuda, perguntam vocês? A verdade é que escondida por detrás dos grandes condomínios e do glamour turístico desta região do país, ainda existe muita fome e precaridade e estima-se que existam na região mais de dez mil famílias com graves carências económicas. Uma situação que será aliviada a partir de 15 de Abril, quando forem inauguradas, em Faro, as primeiras instalações do Banco Alimentar contra a Fome. Esta instituição particular de solidariedade social irá apoiar mais de 2500 famílias dos concelhos de Faro, Loulé, Albufeira, Silves, Lagoa e Portimão. O primeiro passo para o início da actividade foi dado ontem com a assinatura do contrato de utilização da marca entre a Federação dos Bancos Alimentares de Portugal, presidida por Isabel Jonet, e a Associação Pró-Partilha e Inserção do Algarve, liderada pelo ex-reitor da Universidade local, Adriano Pimpão.

Segundo Isabel Jonet, de acordo com o levantamento das necessidades mais prementes efectuado pelas 22 instituições particulares de solidariedade social do Algarve que já aderiram ao projecto, nomeadamente as Misericórdias, Cruz Vermelha, Caritas ou a Fundação António Silva Leal, entre outras, vão ser distribuídas diariamente refeições já confeccionadas a 1214 pessoas e distribuídos cabazes de alimentos a 1330 famílias, com 410 crianças."Tal como acontece com os restantes 11 bancos alimentares contra a fome existentes em Portugal, as pessoas ou famílias que necessitem de ajuda alimentar deverão dirigir- -se às instituições concelhias, que prestarão o devido apoio depois de realizada a necessária avaliação da situação desses cidadãos, nacionais ou estrangeiros", esclareceu aquela responsável. Aos concelhos onde o projecto arranca, juntar-se-ão numa segunda fase, os de Tavira e Olhão. Dentro de um ano, todo o Algarve deverá estar coberto pelo Banco Alimentar contra a Fome.

Telefones: 213 649 655 ou 919 000 263

Wednesday, March 14, 2007

Actualização das rendas em Lisboa e Porto

Depois de 60 anos sem actualizações e um ano após a publicação da Lei das Rendas em Diário da República, vai finalmente avançar o necessário e contorverso Novo Regime de Arrendamento Urbano (NRAU).
A subida das rendas bloqueadas por falta de avaliação das casas arrancaram nas duas maiores cidades do país. As câmaras de Lisboa e Porto já têm 551 rendas em processo de actualização.Até há duas semanas, apenas três dos 20 mil contratos de arrendamento antigos que o Governo pretende actualizar este ano tinham sido revistos. A lista de espera com mais de 500 imóveis deve-se ao sorteio de técnicos feito a 9 de Março pela Câmara de Lisboa.

As vistorias servirão para determinar o estado de conservação dos imóveis. Consoante o veredicto os senhorios poderão actualizar as rendas de imediato ou terão de realizar obras de reabilitação. As inspecções terão lugar em 39 freguesias da capital. Na Invicta, os pedidos de vistoria não chegam à meia centena.

São 31 os processos ditados por cinco sorteios realizados entre 30 de Janeiro e 9 de Março. Lordelo do Ouro, Paranhos e Ramalde são as freguesias apuradas.Em Portugal, existem cerca de 390 mil contratos de arrendamento antigos, 23196 só em Lisboa. No site do NRAU pode consultar toda a informação disponível sobre o processo de actualização de rendas.
Onde começa a agressão doméstica? Aos 3 socos?

Carlos Rodrigues Lima
"O Tribunal da Relação do Porto (TRP) absolveu, no passado mês de Fevereiro, um homem acusado por um crime de maus tratos à mulher e condenado no Tribunal de Peso da Régua por dois de ofensa à integridade física simples. Como este crime depende de queixa particular, o arguido argumentou que a mulher não a apresentou em tempo útil. E os juízes desembargadores também consideraram que o indivíduo não cometeu um crime de maus tratos, porque bateu na mulher "apenas duas vezes".Este processo iniciou-se com uma carta dirigida pela vítima ao Ministério Público, na qual declarou "ter sido alvo de várias tareias e de maus tratos físicos e psíquicos", o que a levou a refugiar-se na casa da mãe. A mulher pediu a intervenção do MP "para poder voltar a viver com os filhos na casa de família". Perante o teor da missiva, foi aberto um inquérito que levou à acusação do homem de um crime de maus tratos (que não depende de queixa particular).Porém, em julgamento o homem apenas foi condenado por dois crimes de ofensa à integridade física simples, por duas agressões à mulher, "com murros na cara e no corpo, tendo-lhe ainda puxado o cabelo,causando-lhe dores e hematomas e nódoas negras e provocando-lhe problemas de saúde, designadamente psíquicos". Os sinais das agressões foram confirmados em julgamento por três testemunhas, que afirmaram ter visto a mulher com "marcas de dedos na cara", "nódoas negras debaixo dos braços e um grande hematoma na cabeça", "um alto na cabeça". A vítima e o arguido recorreram da sentença para o TRP. A primeira, defendeu a condenação pelo crime de maus tratos, considerando, entre outros argumentos, que existia "o elevado risco de o arguido maltratar física e psiquicamente a assistente no caso de o tribunal não optar e o Tribunal de Peso da Régua ficou-se por uma pena de multa. Já o arguido invocou a nulidade do processo, uma vez que, como foi condenado por dois crimes de ofensa à integridade física, tal dependia de queixa e o MP não tinha legitimidade para avançar com o processo. E assim foi: depois de dar como matéria provada que existiram duas agressões e que o testemunho da vítima era credível, os juízes desembargadores Élia São Pedro, António Valente de Almeida, Maria Esteves e José Papão não aceitaram a tese dos maus tratos."Deu-se como provado que o arguido por duas vezes agrediu a ofendida com murros na cara e no corpo, tendo ainda puxado o cabelo à ofendida, a qual sofreu dores, hematomas e nódoas negras". Mas, continuaram os juízes, "não se provou a prática reiterada (apenas duas vezes), a dimensão dos referidos hematomas e nódoas negras (...). As lesões psíquicas também não foram minimamente identificadas". Quanto à carta da ofendida, que poderia ser entendida como uma queixa, os juízes também não a aceitaram, uma vez que uma das agressões aconteceu já posteriormente. Assim como consideraram que "quando a ofendida se constituiu como assistente, já tinha decorrido o prazo dentro do qual o direito de queixa poderia ser exercido".

Com um futuro knockout devidamente aplicado depois de muito treino pugilista a coisa vai lá!Ainda há dias, por ocasião do Dia da Mulher, se falava da situação da mulher no mundo e ficávamos chocados com os últimos números que colocam a agressão doméstica no topo das causas de morte das mulheres por esse mundo fora.